O consumismo pede shooters: As versões de Resident Evil atuais

Franquias crescem a cada dia, juntamente com o mercado, seu público e a história humana. Quando trata-se de algo que perdura por entre muitos anos, certamente podemos perceber aspectos que evoluíram ao longo do tempo, mesmo que em escalas minúsculas. Dentro do mundo de Resident Evil, estamos cansados de conhecer e saber sobre a típica divisão entre "clássicos" e "modernos". Particularmente, não gosto muito dessa divisão, pois ganha uma versão estereotipada acerca da mecânica dos jogos numerados. As pessoas acabam optando por não prosseguir em jogos mais atuais, ou o que mais ocorre: esquecer os jogos "clássicos". Este emboloramento todo pode ter uma versão mais simples de divisão quando assimilarmos o contexto do mercado econômico atual e o contexto do antigo. Vamos por partes, assim ninguém fica para trás ou perdido. Neste artigo, faremos jus às mais recentes formas de vendas: shooters.


Necessidades atuais X Jogos de "antigamente"

As pessoa mudaram os seus gostos e suas necessidades ao longo do tempo. Enquanto antes podíamos passar horas e horas quebrando a cabeça em salas iguais e repetidas vezes, em meio a uma busca desesperada pela chave que abra determinada porta, hoje vemos jogos sendo uns mais fáceis que outros − sem descartar os gameplays e detonados que assolam a internet, o qual ajudam a completar o game ligeiramente. Em outras palavras, enquanto víamos um jogo eletrônico que antes nos desafiava, hoje praticamente não passa de uma mera "platinação" ou status. Isso não significa que seja algo ruim, mas sim o fato de estarmos mudando as nossas necessidades e virtudes. Também não descarto a ideia de que existem pessoas que veem jogos para serem desafiados ainda hoje, mesmo com as facilidades encontradas. Depende muito do ponto de vista de cada um.

O mercado como manipulador

Outro fator importante que não deve ser descartado é o mercado. Sem dúvida, um dos mais imponentes influenciadores de cultura é ele. Vendo jogadores em busca de platinações, o mercado impõe extras e conteúdos exclusivos que permitem melhorar a experiência do usuário. Render mais conteúdo em algo que você tem pagando só mais um pouco parece interessante. Mas, ao ver que em sua cópia há conteúdo que só pode ser desbloqueado pagando uma quantia externa − fato ocorrido com a DLC de Resident Evil 5 − torna-se um tanto estressante. É como comprar um celular e ter de pagar para usar o Bluetooth.

Uma Beretta a mais, um susto a menos

Seguindo a ordem "Clássico X Modernos", as versões mais atuais de Resident Evil começaram a partir do reinventamento proposto pelo Resident Evil 4. Desde então, o jogo passou a ganhar uma nova fórmula e mecânica: atirar. Tudo bem que fazíamos isso antes, mas não é todo mundo que pode sair pela Mansão Spencer matando todos os zumbis, ou então limpar a delegacia de Raccoon City no primeiro capítulo [risos]. Ainda acrescento: Você não irá matar o NEMESIS com um lança-foguetes, vai por mim.
 Recapitulando o foco, sabemos que a fórmula do jogo começou a ganhar uma perspectiva diferente do que estávamos acostumados anteriormente. Seguindo uma linha que pode ser repetida, atirar em zumbis − agora com outros tipos de ameaças biológicas em massa − nunca foi uma atividade tão divertida, assustadora, engraçada e maluca ao mesmo tempo. É interessante como ouvir "Detrás de ti, imbecil!" vai lhe proporcionar algumas gargalhadas, enquanto um simples gemido dos pobres cientistas infectados na Mansão lhe fazia tremer o controle. É como se uma metralhadora fosse mais inofensiva que uma boca e duas mãos. Irônico?

Um tesouro à parte

Um aspecto curioso é que os jogos atuais começaram  a ganhar um sistema de "Tesouros", itens que você pode trocar pelo sistema monetário do jogo e comprar itens que lhe assegurarão a imortalidade durante todo o resto de sua vida. Em Resident Evil "moderno" essa regra não fugiu. O novo sistema permite que os itens apareçam de acordo com as suas necessidades. Isso significa que, caso você esteja à beira da morte, um Gañado graduado em medicina lhe trará uma erva verde ou a vermelha − caso você tenha uma verde já disponível no inventário −, a fim de lhe tratar para  que a diversão não acabe. Enquanto isso, seus companheiros deixam derrubar as centenas de ouros que guardaram para a vida após a morte − uma versão pirata do processo de mumificação do Egito, onde os mortos eram enterrados com os seus bens mais preciosos −, ou o arsenal de quando foram para o Exército e não utilizaram. Enfim, eles são mais ricos que a Amazônia vezes dois ao quadrado [risos].

Gráficos polidos, armas biológicas poderosas, Pós-Umbrella e um monte de coisas novas

Tudo ficou diferente, mas o Resident Evil permanece legal como nunca. É imprescindível afirmar que os sustos deram lugares para grandes arsenais, inventários de slots viraram maletas de aço, mas voltaram ao sistema básico de sempre; a Umbrella se foi e outras corporações surgiram; além disso, armas biológicas que evoluíram e ficaram cada vez mais fortes. Não configuramos outro Resident Evil, e sim construímos um game que atende as necessidades atuais das pessoas.